Todos nós já tivemos contato com o mal de Alzheimer, na figura de um parente, parente de amigos, conhecidos.
O mal de Alzheimer, esse inimigo silencioso que chega e mata sem matar. As vítimas desse mal permanecem biologicamente vivas, porém lhes são tiradas as lembranças, lhes é roubada a memória. Existem sem saber que existem, não reconhecem quem as rodeia, são incapazes de demonstrar o afeto que por anos sentiram, passam a ser uma miragem das pessoas que um dia foram.
Sem memória não interagem. Vegetam.
Esse mal que rouba a memória, que apaga tudo que nos é precioso, apaga para suas vítimas tudo que as tornaram as pessoas que se fizeram amar.
“A Doença de Alzheimer é uma doença do cérebro, degenerativa, isto é, que produz atrofia, é progressiva, com início mais freqüente após os 65 anos, que produz a perda das habilidades de pensar, raciocinar, memorizar, que afeta as áreas da linguagem e produz alterações no comportamento.”
Ora, se aplicarmos esse conceito ao comportamento da nossa administração pública veremos que ela age muito semelhante ao mal de Alzheimer.
Ela está apagando a memória da cidade destruindo patrimônios ou permitindo que destruam. Quando se permite alterações no patrimônio histórico, em imóveis tombados, o nível de agressão à história (memória) da cidade e de seu povo é enorme, porque eles são, publicamente, o registro das gerações que ali passaram, do seu trabalho, de sua maneira de viver. É fácil identificar características do povo de um lugar pelo que podemos ver no que se preserva de sua história.
Irônico pensar que muitos responsáveis por essa destruição, quando saem em férias decerto se extasiam diante dos monumentos históricos, grandes registros da história da civilização, espalhados pelo mundo.
Encantam-se com a história dos outros e permitem que destruam a sua própria.
Ao mesmo tempo em que a administração pública destrói a memória do povo ela está reduzindo a sua capacidade de pensar, raciocinar. Pessoas menos esclarecidas acreditam quando os nossos administradores fazem de conta que toda essa orgia imobiliária é progresso.
E a desordem que reina aqui, acreditem, já está produzindo grandes alterações de comportamento. Vejam um exemplo disso: os motoristas da empresa de transporte coletivo da cidade, empresa que todos sabemos, tem grande ligação com o poder público, já estão alterados com a nova dinâmica do trânsito. A memória deles talvez ainda seja a do tempo em que podiam circular pela cidade traqnuilamente, sem que tivessem que parar para esperar um carro estacionar numa quase impossível vaga, e quando isso acontece eles se alteram e ficam agressivos. Comportamento típico de memórias alteradas pelo Alzheimer.
Só não podemos nos esquecer que, infelizmente, muitas vezes, o Alzheimer não é o único mal que destrói a memória de uma pessoa.
Existe outro mal, que vem descrito como crescimento desordenado de células que também pode afetar e destruir a memória. Células cancerosas são aquelas que se multiplicam desordenadamente.
Não sei a qual dos dois tipos de mal podemos associar com mais precisão a nossa administração pública.
Mas, segundo um dos pioneiros da medicina (registrado na memória da ciência) se um cachorro pode ter pulgas e carrapatos, os homens podem ter duas doenças.
Lagoa Santa está com duas doenças.
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