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terça-feira, 7 de junho de 2011

A coerência dos incoerentes

Acreditar no que se quer acreditar é uma medida antiga para se tapar os olhos para a realidade que muitas vezes é cruel ou para alguns justificarem suas duvidosas atitudes.
Em matéria publicada recentemente em Lagoa Santa, algumas pessoas rotuladas de ambientalistas foram chamadas de incoerentes pela denúncia que fizeram da supressão de árvores e vegetação na margem da lagoa central à esquerda do Iate:

"Incoerência:
- Ambientalistas e simpatizantes lutaram e conseguiram interromper na justiça a construção de um hotel com fundo para a margem da lagoa, que fica a 100 metros de outro hotel com mais de 100 aptos - administrado pela rede ------- - alegando que a vista e paisagem da lagoa também é um patrimônio público e está incorporada no tombamento da lagoa central.
- É de se estranhar que ambientalistas denunciaram ao MP a limpeza do Iate e conseguiram embargar a continuidade da capina e poda das árvores, que, estas sim, agrediam a nossa paisagem."

Como são coerentes essas pessoas que resolveram assumir a defesa da depredação da nossa cidade. Elas realmente acreditam no que dizem: dizer que árvores AGRIDEM A NOSSA PAISAGEM é ser realmente coerente com a defesa que fazem da destruição delas.
Num outro momento e me parece que numa outra publicação disseram que o que foi cortado ali era braquiária.
Prestem atenção: num primeiro momento eram árvores agressivas, e depois, capim.
Onde anda a coerência ?!?

Porém, caros interessados na defesa do meio ambiente, e de tudo o mais que precisa ser defendido em Lagoa Santa, quando toda essa luta chamada de “coisa de ambientalistas” começou a maneira como essas pessoas interessadas na preservação ambiental, patrimonial e cultural de Lagoa Santa se posicionaram foi a seguinte: nada será feito nem dito sem que sejam realizadas consultas nos órgãos responsáveis e a pessoas capacitadas e sérias no seu trabalho.
Então, quando se denunciou (em tempo: infelizmente não fui eu quem fez a denúncia, mas adoraria ter feito) não se fez por implicância com isso ou aquilo. Fez-se por completa coerência com o que sabem ser o correto e o que precisa ser defendido e com o que acreditam.
E o que a Polícia Ambiental viu e registrou com fotos, GPS e tudo o mais que lhe capacita não foi corte de braquiária. Árvores enormes, porém sem nenhum traço de agressividade à paisagem, foram suprimidas e acreditem: destocadas. E tudo de um jeito que não aparecesse muito como estava sendo feito. Essa agressão verdadeira foi feita na área de 1700m² à esquerda do Iate, onde, segundo a perita ambiental e Professora Ângela Gomes, que esteve fazendo vistoria no local a serviço do MP, estava se recuperando a vegetação remanescente da lagoa.

Quem não viu troncos cortados e empilhados na área foi porque virou a cabeça para o outro lado ou porque não se importa mesmo com o que acontece.
Porém, algumas pessoas viram e essas sabem que árvore não é capim ou pelo menos não querem acreditar que seja.
E sabem que quem corta árvores precisa estar licenciado; que quem corta árvores de áreas de preservação precisa ser coerentemente punido, como também deveriam ser aqueles que fazem a defesa dos verdadeiros agressores.

Publicar matérias cobertas de incoerência para tentar enganar as pessoas é de fato, coerente com a postura de quem não se incomoda com o que diz.

Para ficar claro, reproduzo abaixo um trecho do IPAC/LAGOA SANTA, disponível no IEPHA:
“Inventário de Proteção do Acervo Cultural – IPAC
Pág. 123 de 156
17. Medidas de conservação
(...) Deve-se preservar o cerrado e as espécies de flora nativa remanescente às margens da Lagoa, assim como os poucos fragmentos de matas secundárias e ciliares. Para sua eficácia, indica-se que estas sejam cercadas para melhor preservação das mesmas de maneira a reduzir o processo erosivo.
Além do mais, julga-se necessário evitar a ocupação predatória no seu entorno, principalmente para a manutenção de recarga hídrica deste marco hidrográfico e paisagístico.
IPAC/Lagoa Santa
Abril/2009 pasta 3 de 10
Quadro II (pasta 3)
IEPHA”

O inventário citado foi feito, a pedido da prefeitura, por profissionais capacitados e que sabem distinguir braquiária de árvores.
É por causa desse inventário, da sua legitimidade e dos demais documentos que se encontram no IEPHA, que a Prefeitura consegue receber o ICMS cultural da cidade.

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