Uma carta de Procópio de Castro, do Projeto Manuelzão.

Luciene, tudo ok?
Acompanhei sim toda a história. O modelo de gestão pública implementado no Brasil não é a serviço do cidadão. Nunca foi e tenho dúvidas se algum dia será. Se conhecemos um pouco da história universal sabemos que na realidade o para o povo e pelo povo não passa de lorota. Lembra aqueles slogans de bancos que dizem que estão pensando o tempo todo em você, trabalhando por você e etc; todos pensamos que é para o nosso bem, facilidades de financiamentos e mordomias, mas todos já vivemos acorrentados a juros exorbitantes e dívidas que se multiplicam numa ilha de fantasias, isto tudo com aval oficial de agiotagem. Somos escravos não libertos do poder econômico para privilégios de muito poucos. Poucas vezes na história o povo falou e fez valer seu peso e suas ideias. Normalmente a população não está interessada em nada que lhe diz respeito até que o indivíduo sinta na pele as consequências. No caso da região do vetor norte, especificamente em Lagoa Santa, estou há pelo menos 5 anos alertando para o que virá. Desenvolvimento não quer dizer progresso se este não for sustentável. Lagoa Santa está num boom imobiliário que desconhece planejamento. Onde estão as vias de acesso para tal crescimento da população? Hospitais, escolas, água, luz, coleta e destinação adequada do lixo, telefonia, internet, e empregos estão sendo pensados e projetados para isto, existem áreas reservadas? Vejo alguns dizendo que agora Lagoa Santa é a Savassi do Palácio - Cidade Administrativa. Quem diz está vendo os brilhos, não os corregos encobertos, o transito engarrafado, a poluição do ar, a criminalidade, o bolsão de calor. Será que é isto que a cidade quer? Ja se fala em canalizar o corrego do bebedouro como solução de trânsito para a cidade. Na realidade toda a bacia do bebedouro com as suas lagoas já estão enforcadas pela ocupação absurda de seu entorno. Na realidade o asfalto que rodeia a lagoa está na áera de proteção permantente -APP, portanto ilegal; existe uma barragem que corta a conexão com o rio das velhas; as ruas parecem programadas para carrear todo o lixo, detritos e terras para dentro dos fundos de vales nas águas pluviais.
O resultado poderá ser típico da nossa atualidade, uma lagoa morta transformada num espelho dágua maquiado para que ela pareça bonita.
Um dia colocarão uma fonte para aerar a água e umas luzes para ofuscar os olhos e a razão.

Procopio de Castro
PS - sEGUE ARTIGO SOBRE A REGIÃO PUBLICADO EM jUNHO PASSADO